CLBI - Centro de Lançamento da Barreira do Inferno


CLBI - Centro de Lançamento da Barreira do Inferno

A história da implantação do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno - CLBI confunde-se com a história do inicio das atividades espaciais no Brasil.

Por volta de 1955 o Cel. Av. Eng. Oswaldo Balloussier apresentou ao Ministério da Aeronáutica uma série de motivos propondo a criação de um Grupo de Trabalho especifico com o intuito de estudar a possibilidade de se iniciar as atividades espaciais no Brasil. Entretanto não obteve o apoio do ministério e o grupo não foi criado, esquecendo-se assim o assunto.

No ano seguinte, devido a um acordo assinado entre o Brasil e os EUA, iniciou-se na Ilha de Fernando de Noronha a instalação de uma estação de rastreio de veículos espaciais lançados de Cabo Canaveral. Assim técnicos americanos e brasileiros passaram a gravar em Fernando de Noronha os sinais transmitidos pelas cargas úteis durante as suas passagens pelo arquipélago brasileiro. Iniciavam-se assim finalmente as atividades espaciais no Brasil.

Após essa iniciativa, percebendo-se que o Brasil não poderia prescindir da tecnologia espacial, em 10 de junho de 1964 foi criado o GTEPE - Grupo de Trabalho de Estudos e Projetos Especiais, que ficou subordinado ao Estado Maior da Aeronáutica (EMaer), tendo como presidente o agora Major Brigadeiro Balloussier.

Posteriormente em 02 de dezembro de 1966, por decreto, o grupo passaria a se chamar GETEPE - Grupo Executivo e de Trabalho de Estudos e Projetos Espaciais.

As metas estabelecidas para o GTEPE em 1964 foram:

* Preparar equipes especializadas em lançamento de foguetes;
* Estabelecer programas de sondagens meteorológicas e ionosféricas em cooperação com organizações estrangeiras;
* Incentivar as indústrias privadas brasileiras a galgar os degraus da tecnologia espacial;
* Escolher o local no Brasil para construir um campo de lançamento de foguetes;

Estava dada a largada para a construção do local que seria conhecido no futuro como o CLBI - Centro de Lançamento da Barreira do Inferno.

Inicialmente havia se cogitado pelo GTEPE três locais que eram: Fernando de Noronha, Aracati-CE e Ponta Negra na cidade de Natal-RN. Entretanto, as duas primeiras foram descartadas após uma avaliação criteriosa, sendo assim Ponta Negra a escolhida por preencher um maior número de parâmetros exigidos.

Com a chegada em Natal em setembro de 1964 do Ten. Cel. Av. Lauro Klüppel Jr., do GTEPE, iniciou-se em 05 de outubro de 1964 com o apoio dos civis potiguares e de militares da Base Aérea de Natal, a construção das primeiras instalações do centro de lançamento que foram concluídas em 19 de maio de 1965.

Enquanto o centro de lançamento encontrava-se em construção a equipe técnica do GTEPE buscou em um curto prazo a sua capacitação operacional por meio de instrução e treinamento realizados em São José dos Campos-SP, na Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE) na Argentina, Chamical, Faa, no Goodard Space Flight Center e no Wallops Station da NASA nos EUA.

Com a finalização das obras foi oficialmente criado o Campo de Lançamento de Foguetes de Ponta Negra pela Portaria Ministerial Nº S - 139/GM3, de 12 de outubro de 1965. Posteriormente passaria a ser chamado de CLFBI - Campo de Lançamento de Foguetes da Barreira do Inferno.
Primeiro Lançamento
Chegando a Natal procedente da NASA, a equipe técnica do GTEPE executou a instalação dos equipamentos, operacionalizou o campo e executou em 15 de dezembro de 1965, às 16:28h hora de Brasília) o primeiro lançamento de foguete a partir de uma plataforma da Barreira do Inferno inaugurando as atividades de lançamentos espaciais no Brasil.

Esse lançamento que foi o primeiro de uma série de dois previstos em território brasileiro, ocorreu em função de uma cooperação entre países e dele participaram o GTEPE e a CNAE pelo Brasil e a NASA pelos Estados Unidos da América dando início ao projeto SAFO-IONO (Sondagens Aeronômicas com Foguetes na Ionosfera).

O foguete era um NIKE-APACHE cujas características eram:

Número de estágios 02 (NIKE e APACHE);
Peso total 1.595 libras (724 Kg);
Comprimento total 28 pés;
Peso da Carga útil 65 libras (29,5 Kg).

A carga útil do NIKE-APACHE teve por missão a coleta de dados para possibilitar o estudo das densidades diurna e noturna, de elétrons e íons, o fluxo de irradiação ultravioleta extremo e o fluxo de elétrons na faixa de 1 a 20 eletrovolts na ionosfera, entre 50 e 200 Km.

Durante o período de tempo em que o CLFBI foi parte do GTEPE/GETEPE, vários projetos internacionais foram executados, envolvendo a NASA, Air Force Cambridge Research Laboratories (AFCRL) e o Max Plank Institute da República Federal da Alemanha (RFA).

Em 1971, uma reforma administrativa juntou o GETEPE e o NUIAE - Núcleo do Instituto de Atividades Espaciais que fora criado no CTA em outubro de 1969 e denominado a nova organização de Instituto de atividades Espaciais (IAE) como um dos institutos do CTA.

Ficou a parte do IAE sediada em São José dos Campos (CTA) responsável pela elaboração dos projetos de pesquisa e desenvolvimento no setor, cabendo ao CLFBI a execução das operações de lançamento.

Em 07 de janeiro de 1975, o CLFBI passou a subordinar-se ao DEPED - Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento, conforme prevê o regulamento daquele departamento e teve ampliada a sua organização nos setores técnico, administrativo e operacional.

A sua área foi também aumentada de 6 Km2, passando a ser de aproximadamente 18 Km2 (1.832 ha) e o seu perímetro acrescentado 11 Km com laterais na estrada RN 063 (Natal-Pirangi) que divide o terreno do CLFBI, longitudinalmente em duas áreas. Assim o Campo passou a ter, entre praias e cercas 36 Km de perímetro.


Fonte: Site do CLBI

Comentário: Além de ter sido um fator determinante para o desenvolvimento do programa espacial, o CLBI atualmente ainda é um importante instrumento operacional para o Programa Espacial Brasileiro e para Força Aérea Brasileira. É de lá que são lançados os foguetes de sondagens e são feitas também às campanhas de testes de foguetes militares para empresas como a Avibrás e Mectron.

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