Brasil e Rússia de Mãos Dadas Rumo ao Espaço

Olá leitor!

Preocupado com a situação do acordo espacial Brasil-Russia, trago hoje uma matéria publicada na Revista Espaço Brasileira (Jan. Fev. Mar. de 2009), destacando os 20 anos de parceria entre os dois países completados no ano passado. Essa matéria apresenta um histórico desse acordo excluindo convenientemente as dificuldades vividas pelo mesmo desde a sua implantação e a sua atual situação.

Duda Falcão

Brasil e Rússia de Mãos Dadas
Rumo ao Espaço

Cooperação russo-brasileira comemora 20 anos

Andréia Araújo

O primeiro acordo formal entre os dois países foi estabelecido em 1988, quando o Brasil e a ainda União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) assinaram um Protocolo Sobre Cooperação no Campo da Pesquisa Espacial e da Utilização do Espaço para Fins Pacíficos. Esse documento teve a intenção de fixar os parâmetros de cooperação bilateral para o setor.

No ano seguinte, representantes do Instituto de Aviação de Moscou (MAI) encaminharam ao Brasil uma proposta de intercâmbio entre técnicos e estudantes dos dois países. Em setembro desse mesmo ano, uma comitiva soviética visitou o Brasil para traçar uma cooperação. Foram discutidos vários temas até que, em 1992, foi assinado um Memorando Preliminar de Entendimento entre o Comando da Aeronáutica e instituições de pesquisa e empresas russas para o fornecimento de materiais e serviços para o Veículo Lançador de Satélites (VLS).

Em 1995, recebemos mais uma vez uma delegação russa, dessa vez da agência espacial daquele país – Roskosmos - , que visitou, ainda, o Centro de Lançamento de Alcântara. Na ocasião, os presidentes da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da Roskosmos assinaram um documento identificando áreas de interesse mútuo. Um ano depois, uma comitiva brasileira foi a Moscou, onde foram firmados dois contratos. Um com o intuito de realizar estudos para o desenvolvimento de um veiculo a propulsão líquida e outro para criar o intercâmbio de profissionais para uma especialização sobre o assunto.

A especialização em propulsão líquida começou em 1997, no Brasil, e foi ministrada por 11 professores do MAI. O curso foi concluído no final de 1998. Vários acordos comerciais entre empresas russas e institutos brasileiros aconteceram nessa época.

Em 2003, o Brasil passou pela pior tragédia do Programa Espacial – o acidente com o foguete brasileiro VLS (Veículo Lançador de Satélites). Uma ignição involuntária de um dos motores do primeiro estágio , com o foguete ainda na Torre de lançamento vitimou 21 técnicos brasileiros. Logo após o acidente, a ROSKOSMO ofereceu ao governo brasileiro apoio à investigação do ocorrido.

Especialistas da empresa russa State Rocket Center Makeyev (SRC), indicados pele agência espacial russa, acompanharam as investigações do acidente e forneceram um relatório sobre os problemas verificados. A partir desse fato, o relacionamento bilateral se intensificou e a cooperação passou a apresentar novas perspectivas.

A revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), ocorrida em 2005, reacendeu o interesse brasileiro no desenvolvimento de veículos movidos a combustível líquido, apresentando a evolução do VLS, com um estágio. O Instituto de Aeronáutica e Espaço, em 2006, estabeleceu um protocolo de entendimento com o MAI e o Centro de Testes russo NIICHIMMASH, para a realização de um curso de especialização nos moldes do realizado em 1997 e 1998. Em fevereiro do mesmo ano, começaram as aulas, com a formação de seis militares, dois servidores civis e seis alunos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), sem vínculos com a Força Aérea Brasileira. Sete meses depois, os alunos estavam estagiando na Rússia.

Em dezembro do mesmo ano, foi celebrado entre os dois países um Acordo internacional sobre Proteção Mútua de Tecnologia Associada à Cooperação na Exploração e Uso de Espaço Exterior para Fins Pacíficos. Esse documento prevê o estabelecimento de salvaguardas tecnológicas durante a cooperação bilateral.


Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 5 - Jan. Fev. Mar. de 2009 - págs.26 e 27

Comentário: Vale lembrar leitor que aparentemente por conveniência à matéria de revista “Espaço Brasileiro” (editada pela AEB) não cita a proposta russa feita ao governo brasileiro em 2004 (veja a nota A OrionSpace Internacional, Opção Descartada) pouco depois da assinatura do acordo com os ucranianos que gerou a mal engenhada empresa bi-nacional Alcântara Cyclone Space (ACS). É claro que essa proposta russa não era a ideal, porém era bem melhor que a dos ucranianos e evidentemente devido à já existente parceria de longa data, certamente a mesma evoluiria para algo melhor, caso o governo brasileiro demonstra-se interesse e competência nas negociações. Além disso, ao completar em 2009 vinte anos de parceria, o objetivo não foi alcançado devido à falta de visão, incompetência e a falta de apoio de governos subseqüentes e por decisões desastrosas como a criação da mal engenhada empresa ACS. Vale lembrar também leitor que a Rússia é a maior potência espacial do mundo na área de foguetes e desde a assinatura em 1988 do “Protocolo Sobre Cooperação no Campo da Pesquisa Espacial e da Utilização do Espaço para Fins Pacíficos” com a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), varias portas foram abertas pelos russos para o Brasil não só na área de foguetes, como também na área de satélites (SGB, GLONASS) e na área de sonda espaciais (Projetos MCE, Santos Dumont, sonda lunar Ishtar e mais recentemente o Projeto ASTER, que aguarda aprovação) tendo apenas o projeto do sistema GLONASS endossado pelo governo do presidente LULA. Foi pouco mais de duas décadas de inércia e decisões políticas desastrosas que impediram o país hoje de alcançar sua alto-suficiência em várias áreas de tecnologia espacial. E para piorar ainda mais esta situação, esse processo continua a todo vapor quando o governo LULA (totalmente ignorante no assunto e muito mal assessorado) sinaliza em trazer a empresa EADS Astrium para o setor de foguetes, aumentando a já enorme falta de foco do programa e gerando mais insatisfações junto aos russos (segundo informações oficiosas que nos chega de São José dos Campos) que a qualquer momento poderão denunciar o acordo, atrasando ainda mais o PEB. Há que ponto a incompetência, ingerência política e a falta de visão (evitando ser mais claro) da administração pública desse país é capaz de chegar. Para os leitores menos informados a URSS/Rússia ajudou exitosamente vários países do atual clube espacial a chegaram a auto-suficiência e atualmente trabalha para realizar esse sonho para sul-coreanos. Infelizmente o único país onde eles não conseguiram esse objetivo foi o Brasil, pasmem, por culpa exclusiva dos nossos governos nesse período.

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