Spacecamps, a Luta Continua pela sua Implantação

Olá leitor!

Todos que acompanham diariamente o nosso blog sabem que temos defendido aqui a necessidade de se adotar urgentemente o modelo de “Spacecamps” no Brasil.

Obviamente essa nossa posição é baseada e antenada com o que está acontecendo pelo mundo há vários anos e principalmente com o que acontece no Brasil já há algum tempo.

Enquanto a nossa agência espacial patina com sua visão míope e extremamente desatualizada, felizmente iniciativas no país de grupos amadores, escolas públicas e privadas, universidades e até mesmo empresas vem demonstrando o grande interesse e capacidade de nossos jovens (de todas as idades) em literalmente meterem a mão na massa.

Pois é leitor, enquanto a sociedade se mexe, infelizmente a nossa Agência Espacial (AEB) continua adotando o modelo de palestras intermináveis e de lançamentos de foguetes de água durante a realização de seus eventos ligados ao programa “AEB ESCOLA”. Programa este louvável, não resta dúvida, mas que precisa evoluir visando assim incentivar de verdade em nossos jovens o interesse em pesquisas espaciais e desenvolvimento tecnológico.

A adoção do modelo de "Spacecamps" pela nossa agência espacial em parceria com o DCTA/INPE abrirá um leque enorme de opções para esses jovens em áreas como, pesquisas espaciais, robótica, pico e nanosatélites, foguetes, astronomia e tantas outras. Além é claro da troca de experiências entre esses jovens durante esses eventos tanto a nível nacional como internacional.

Para que o leitor tenha uma idéia da competência que vem sendo gerada através do país por iniciativas com algum apoio governamental e principalmente não governamentais, podemos citar aqui diversos exemplos:

Temos o exemplo da Universidade de Brasília (UnB), única apoiada pelo “Programa UNIESPAÇO” da AEB, que vem desenvolvendo um foguete híbrido (movido a propulsão sólida e liquida) e um motor a plasma para satélites e sondas espaciais que muito provavelmente será usado na Missão ASTER (já abordada aqui no blog), caso a mesma venha realmente a ser realizada (veja as notas O Motor Foguete Híbrido da UnB , Programa Uniespaço - Motor de Plasma da UnB).

Ainda nessa esfera universitária não podemos esquecer o grande feito da Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR) que desenvolveu o UNOSAT - Undergraduate Orbital Student Satellite (primeiro nanosatélite universitário brasileiro) perdido no acidente do VLS-1 em 2003 (veja a nota Sucessos e Insucessos do Programa Espacial Brasileiro).

Na esfera das escolas públicas e privadas os exemplos são diversos e gostaria de citar aqui o trabalho que vem sendo realizando pelo professor cearense Andrevaldo Glaidson Pereira Tavares no Liceu de Barbalha (já abordado aqui no blog, veja as notas Foguete Artesanal Move Sonhos de Alunos no Cariri , Alunos da Rede Pública Representarão o Ceará na II JBF).

Já com relação a empresas cito aqui dois bons exemplos: O primeiro é o Programa Espacial Educativo (PEE) da Acrux Aeroespace Technologies do Eng. Oswaldo Loureda (já abordada aqui no blog, veja as notas A Inovadora Acrux Aeroespace Technologies , Lançado Foguete AAT2 da Acrux Aerospace Technologies) e o grupo paulista “Edge Of Space” do Eng. José Miraglia, que também desenvolve um trabalho na área educacional. (veja a nota Edge Of Space - A Inovadora Iniciativa Paulista).

Na esfera das iniciativas de grupos amadores podemos citar o exemplo do Instituto Prado Lone de Londrina (PR), que desenvolve projetos nas áreas de foguetes e telescópios (veja a nota O Inovador Instituto Prado Lone de Londrina).

Além disso, existem iniciativas como o da Fundação CEU (Centro de Estudos do Universo) da cidade de Brotas (SP) que é responsável pela criação da primeira base de lançamentos de foguetes não governamental no país, ou seja, a “Base de Lançamentos de Foguetes Experimentais Coronel Marcos Cesar Pontes” (veja a nota CEU é Opção de Turismo e Lazer em Brotas (SP)) entre outras iniciativas realizadas por essa fundação que faz um excepcional trabalho nesta cidade do interior paulista.

E para finalizar aqui meus exemplos das iniciativas que vem acontecendo país a fora, não posso deixar de citar o grande trabalho que vem sendo realizado pelo Núcleo Tecnológico do Agreste (NTA) da cidade de Bezerros (PE), que é coordenado pelo engenhoso professor pernambucano Marcos Luna. Esse núcleo que conta com o estimável apoio da renomada cientista brasileira do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, Dra. Rosaly Lopes, conhecida como a maior especialista do mundo em vulcões, sejam eles na Terra ou fora dela, vem realizando desenvolvimento tecnológico com estudantes na área de foguetes e robótica, tecnologias náuticas, entre outras de interesse da sociedade, além de serem responsáveis pela criação da segunda base de lançamento não governamental do país, ou seja, a “Base de Lançamentos de Foguetes Experimentais Dr. Rosaly Lopes”, inaugurada em 2007 (Veja a nota Base para Lançamento de Foguetes Drª Rosaly Lopes).

Abaixo segue um vídeo onde a Dra. Rosaly Lopes, falando diretamente da NASA, para os alunos e professores do NTA, agradece as pessoas que tem ajudado o núcleo a desenvolver as tecnologias que vem sendo desenvolvidas em Bezerros (PE).

Dra. Rosaly Lopes Fala da NASA

Trago também abaixo um vídeo que mostra um dos foguetes desenvolvido pelo NTA em 2006 (foguete Leão do Norte II), antes da inauguração da Base de Lançamentos de Bezerros em 2007, que foi lançado pelo professor Marcos Luna e seus alunos da Base de Lançamento Marcos Pontes em Brotas (SP). Essa iniciativa na área de desenvolvimento de foguetes do NTA conta com o apoio do professor José Félix Santana, professor aposentado da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), um dos pioneiros no desenvolvimento de foguetes experimentais no Brasil e um dos fundadores do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). Lembrando que o professor José Félix Santana continua realizando seu trabalho com os seus KiTS de foguetes educativos para todo o Brasil.

Foguete Leão do Norte II - 2006

Além desse trabalho com foguetes, o Núcleo Tecnológico do Agreste desenvolve tecnologia na área de robótica, como o “Projeto Cardume Cibernéticos (Peixe Robô)", que vem sendo desenvolvido com o apoio de um grupo paulista. Vejam os vídeos abaixo:

Reportagem da Rede Globo Sobre o Peixe Robô

Vídeo de Teste de Bancada do Peixe Robô

O NTA também vem realizando pesquisas na área náutica através do seu “Núcleo Itinerante de Pesquisas Náuticas” que vai às escolas de Pernambuco ensinar a fazer submarinos RC, robôs submarinos, sondas náuticas e repelentes eletrônicos para tubarões com ondas eletromagnéticas. Veja abaixo o vídeo do teste do "Repelente Eletrônico" de tubarões feito pelo professor Marcos Luna com o apoio do Coronel Neyff de Sousa, pesquisador de ataques de tubarões, na praia de Piedade, Jaboatão dos Guararapes (PE). O Teste foi realizado oito dias depois (no mesmo local e horário) do ataque de tubarão ocorrido com vitima.

Teste do Repelente Eletrônico de tubarões

E o desenvolvimento tecnológico no NTA não para por ai leitor. Outro Trabalho que vem sendo realizado com alunos no núcleo é o de “Geração de Renda”, onde se ensina como fabricar equipamentos como máquinas de “Vending Machines” e diversos outros produtos como, filtros com reator de UV, placar eletrônico, relógios eletrônicos de rua, entre outros. Veja os vídeos abaixo:



Pois é leitor, espero que essa pequena nota ajude a nossa agência espacial acordar para o que está sendo desenvolvido país afora e venha estimular essas iniciativas através da criação dos chamados "Spacecamps", desafiando assim a engenhosidade desses professores, alunos, escolas, universidades e visionários, que brotam como formigas, prontos e ansiosos para colaborarem com o desenvolvimento tecnológico do pais. Acorda AEB, acorda Brasil. Chega de lançamento de foguetes de agua.

Duda Falcão

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