IAE Desenvolve Motor para VLM

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada na Revista Espaço Brasileiro (Out. Nov. Dez. de 2010), destacando que o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) já está desenvolvendo o motor do foguete VLM-1.

Duda Falcão

IAE


IAE Desenvolve Motor para VLM

Ensaios com os motores devem ser
realizados em 2012

Raíssa Lopes

O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) está desenvolvendo motores bobinados para o projeto do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1). O foguete será capaz de colocar satélites de 150 kg em órbita baixa.

Segundo o coordenador de estudos do VLM-1 no IAE, Eduardo Loures, motores a propelentes sólidos (combustível utilizado em foguetes brasileiros) podem ser fabricados com turbo motor – invólucro estrutural do propelente -, em aço ou materiais compósitos (em cuja composição entram dois ou mais tipos de materiais diferentes). No caso de fabricação de um turbo motor, também chamado envelope, em material compósito, o processo de fabricação consiste no enrolamento de fios de fibra de carbono (conjunto de 3000 a 12000 fios) ao redor de um molde (mandril). Este processo é conhecido como bobinagem. Na bobinagem, os fios de fibra, chamados rovings, são impregnados com resina em estado líquido antes de chegarem ao mandril. Após o término da operação de bobinagem, o conjunto envelope/mandril é colocado em uma estufa para que a resina seja polimerizada sob a ação da temperatura – normalmente de 100 a 140°C.

Esse tipo de tecnologia já é emprega no motor de apogeu do Veículo Lançador de Satélites (VLS), denominado S44, feito de fibra de aramida e resina epóxi. “Os envelopes motores de material compósito possuem diversas vantagens sobre os metálicos: eles são cerca de 50% mais leves e seu ciclo de fabricação dura em torno de um sexto do ciclo de fabricação dos metálicos” conta Loures.

Aproximadamente seis pessoas participam do processo de desenvolvimentos dos motores bobinados. A Revisão Crítica de Projeto (CDR) deve ser realizada em junho de 2011. Depois disso, serão fabricados os primeiros envelopes para testes de carregamento, ensaios de pressurização e ensaios estruturais estáticos, já em 2012. Também em 2012, deverá ocorrer o primeiro ensaio a quente do motor (tiro em banco).

VLM – O Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1) tem como primeiro objetivo o lançamento do experimento alemão Shefex 3. O projeto é o resultado de um acordo entre as Agenciais Espaciais Brasileira e Alemã. O foguete está sendo desenvolvido por brasileiros com participação alemã e possui um enfoque comercial. Ele terá 19 metros de altura, três estágios, e poderá levar satélites de até 150 kg na versão básica, alcançando órbitas circulares de 250 a 700km de altitude. Versões posteriores incluirão um estágio adicional. O projeto do VLM-1 será desenvolvido pela indústria nacional sob contrato, e acompanhado pelo Grupo de Engenharia de Sistema do IAE.

Atualmente, 120 microssatélites universitários de cunho tecnológico são lançados por ano no mundo e apenas 15 países trabalham com esse tipo de projeto. No Brasil, um microsatélite, denominado ITASAT, está sendo desenvolvido pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), sob coordenação e patrocínio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e assistência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O ITASAT poderá ser lançado pelo VLM.


Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 10 - Out. Nov. Dez. de 2010 - pág. 14

Comentário: Em nossa opinião leitor até o momento esta é a notícia do ano de 2011, apesar de ter sido publicada na edição final da revista Espaço Brasileiro do ano passado. A notícia vem confirmar a declaração do Cel. Kasemodel, Vice-diretor de Espaço do IAE (durante a sua entrevista ao blog ano passado) de que esse projeto se desenrolaria com mais rapidez devido à participação da indústria brasileira desde o seu inicio. Parabéns ao IAE e estamos aqui na torcida. Entretanto, essas ações foram realizadas ano passado e essa programação apresentada na matéria pode esta ameaçada se forem concretas as notícias que chegam de Brasília quanto aos cortes no orçamento. Afinal, segundo se comenta, todas as pastas do governo serão afetadas por esses cortes o que inclui o MCT e conseqüentemente o seu “Patinho Feio.”

Comentários

  1. Falando sério:

    Motores de combustivel sólido são rojões (de festas juninas) porém um pouco maiores.
    Wernher Von Braun já usava propulsão liquida na década de 40
    Estamos anos luz de uma realidade tecnológica.

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  2. Olá Wagner!

    Tudo bem amigo? Olha, os motores líquidos do IAE já está em desenvolvimento, são eles: o L5 que já está pronto, o L15 que está em testes finais e o L75 que já vai para a fase de construção do seu mockup. É claro que não na velocidade que gostaríamos e que se poderia realizar. No entanto, os projetos estão andando. Quanto ao motor sólido em questão na matéria, é referente a um motor mais poderoso que o S43 (de 10 toneladas de empuxo creio eu e feito em material compósite) usado no primeiro e segundo estágio do VLS. Realmente precisamos de um foguete que esteja pronto para atender antes de 2015 na área de microsatélites a comunidade científica do país, e o VLM-1 é uma opção boa, mas existem outras.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  3. Ola Duda!!!

    Percebo que vc ostenta a bandeira das pesquisas e conquistas brasileiras na área tecnologica espacial.
    E admiro esta sua posição, pois um país forte se faz com pessoas que acreditam e trabalham por um futuro melhor.

    Quanto aos motores citados, já tinha conhecimento e na minha opinião, deveriam centralizar os esforços nestes projetos e daixar os sólidos para outros fins.

    Cito como exemplo o foguete Chinês (longa marcha) impulsionado por motores liquidos que o conduz até a orbita de lançamento e sua fuselagem permanece inalterada.

    Diferente do nosso VLS que além de ser de combustivel solido, ainda vai se despedaçando em estágios tipo apollo 11, e esta técnica está ultrapassada.

    Ressaltando que até o Saturno 5 (apollo 11) era de propulsão liquida.

    No presente momento até a Argentina está a nossa frente, mas eu também acredito numa reação eficaz do PEB.

    Abs
    Wagner "Coyote"

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  4. Olá Wagner!

    Estamos aqui amigo para ajudar a divulgar as atividades espaciais do país. Esse é um compromisso que assumimos e vamos cumprindo da melhor forma possível. Concordo contigo quando diz que teríamos de dar mais atenção a tecnologia de motores-foguetes líquidos.

    Entretanto (não sei quanto ao foguete chinês) permita-me discordar de você Wagner. Os motores sólidos são utilizados sim e os estágios não estão sendo abandonados não. Veja o exemplo da família de foguetes europeu Ariane, o próprio Soyuz. Até mesmo o sistema que leva o Ônibus espacial é dividido em estágios, neste caso todos recuperáveis, sendo o primeiro movido a combustível sólido – booters (os dois foguetes laterais) o outro (amarelo) movido a combustível líquido e o terceiro que é o próprio Ônibus Espacial, usa combustível sólido e líquido, dependendo do seu objetivo em órbita.

    Portanto amigo, o desenvolvimento desse motor booster de 10 toneladas chega em bom momento, apesar de eu achar que deveria ser maior, porém atende perfeitamente ao propósito desse foguete VLM-1. No entanto, o fato de ser feito em material composite o tornará 50% mais leve aumentando sensivelmente o seu desempenho.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  5. Interessantes detalhes técnicos que não eram do meu conhecimento...

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