SGDC Não Está Totalmente Livre de Restrições Militares Norte-Americanas

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada ontem (05/09) no site “TELETIME” destacando que o Satélite SGDC não está totalmente livre de restrições militares norte-americanas.

Duda Falcão

ESTRATÉGIA

Satélite Brasileiro Não Está Totalmente Livre
de Restrições Militares Norte-Americanas

Quinta-feira, 5 de setembro de 2013, 19h44

Um detalhe até então desconhecido da escolha do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Brasileiro, o SGDC-1, cujo fornecedor (Thales Alenia) foi anunciado há poucas semanas, é que ele não é um satélite imune à regulamentação militar norte-americana. Não é, portanto, um satélite ITAR-free. ITAR é a sigla para International Traffic in Arms Regulations, que é a regulação dos EUA que limita o compartilhamento de informações e a venda de equipamentos que possam ter relevância militar para o governo norte-americano. Na prática, qualquer tecnologia desenvolvida nos EUA que seja classificada como ITAR está sujeita a essas restrições, mesmo quando comercializadas por uma empresa estrangeira.

No caso do satélite brasileiro, a Thales é uma empresa francesa, que em tese teria condições de fornecer um satélite sem essas restrições do ITAR. Mas na prática, chegar aos custos, escala e prazos necessários sem passar por nenhuma tecnologia norte-americana é quase impossível. Segundo fontes que acompanharam o processo de contratação do satélite, isso significa que algumas partes da tecnologia do satélite não poderão ser compartilhadas com brasileiros, mas não se sabe exatamente o quê. Ainda segundo essas fontes, a limitação do ITAR não deve se aplicar à capacidade em banda X do satélite, que será usada para fins militares.

VLS

Nesse caso, os fornecedores escolhidos dos componentes e subsistemas do satélite seriam ITAR-Free. Também existe a expectativa de que parte da tecnologia a ser utilizada pelo lançador (cujo fornecedor é a Arianespace) poderá ser absorvida pela equipe envolvida no projeto do Veículo Lançador de Satélite (VLS), trabalho há anos sendo desenvolvido no Brasil para lançamento de pequenos satélites e que teve significativa perda de material humano e atraso quando ocorreu o acidente na base de Alcântara, em 2003, matando mais de 20 pessoas envolvidas no projeto.

Originalmente, o projeto do SGDC previa que ele fosse totalmente livre dessas restrições inerentes ao ITAR, até para que o governo pudesse maximizar a transferência tecnológica, mas isso não foi possível nas condições de preço e prazo disponíveis. Ainda assim, a avaliação é de que o acordo firmado com a Thales permitirá a incorporação de uma quantidade razoável de conhecimento ao processo.

A expectativa é de que até abril ou maio de 2014, quando o satélite passará a ser efetivamente construído, a Agência Espacial Brasileira (AEB) anuncie como será a participação de empresas brasileiras ligadas a esse segmento no processo de transferência tecnológica.

Not Made in Brazil

Um outro detalhe sobre o SGDC-1: ele não tem, pelo menos até esse momento, nenhum componente fabricado no Brasil, mas isso ainda pode mudar. Existe a possibilidade de que alguns sistemas secundários possam contar com fornecedores brasileiros. Mas isso será avaliado posteriormente, dentro do projeto final do satélite, e de modo a assegurar a performance e a segurança do equipamento nas condições contratadas, segundo fontes ouvidas por este noticiário.


Fonte: Site TELETIME - http://www.teletime.com.br/

Comentário: E isso continuará simplesmente existindo enquanto o governo brasileiro continuar teimando em brincar de fazer programa espacial.

Comentários

  1. Esse problema de componentes regulados pela ITAR é uma dor de cabeça inclusive para a Agência Espacial Europeia (ESA). Anualmente, a ESA organiza uma conferência para o desenvolvimento de componentes ITAR-free. O Brasil tem um projeto também nessa área, o CITAR, coordenado pelo Instituto Renato Archer.

    Recomendo a leitura dos slides da ESA sobre o tema, para os interessados: http://ec.europa.eu/enterprise/policies/space/files/research/itar_workshop_at_sost_24_june_2011_v1_en.pdf

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  2. Os EUA gastam trilhões dos cidadãos americanos para desenvolver suas tecnologias e são resultados de anos de pesquisas para de repente um idiota da ONU dizer que "o espaço é para todos e por isso temos que abrir oportunidade para outros países". Enfim, ninguém é bobo a ponto de ceder tecnologia que poderá prejudicar seu próprio país. A única alternativa é os outros países buscarem sua própria autonomia ao invés de exigirem do salario dos americanos algo com o qual nada contribuíram. Fora algumas pressões descabidas por parte deles, não lhes posso tirar a razão. Outros países somente se "uniram" a essa ITAR-free porque não resta outra solução frente a hegemonia americana nesse assunto. O quanto eles ainda investem em tecnologia é impressionante. Eu quero um PEB totalmente brasileiro, mas talvez devamos seguir mais as linhas norte-americanas para conseguir evoluir. Talvez ao menos algumas coisas sejam cedidas por convênios e trocas... e somente podemos fazê-los se começarmos também a investir nosso dinheiro direito.

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