Tecnologia Vira Arma Contra os Ataques ao Meio Ambiente

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada ontem (29/09) no site do jornal “O VALE”, destacando que tecnologia vira arma contra os ataques ao Meio Ambiente.

Duda Falcão

NOSSA REGIÃO

Tecnologia Vira Arma Contra os
Ataques ao Meio Ambiente

Desmatamento, queimadas e exploração ilegal de madeira estão entre
as ações identificadas por meio do uso de tecnologia, como imagem
de satélite; em S. José, até entulho da construção civil é monitorado

Xandu Alves
São José dos Campos
September 29, 2013 - 07:48

Foto: Flavio Pereira
GPS auxilia trabalho do engenheiro
agrônomo Nirceu Eduardo Vicente.

A cada dois dias, uma ‘caixa’ de aço e materiais eletrônicos de 200 quilos fotografa uma faixa de 2.200 quilômetros de extensão na Amazônia brasileira, a uma altura de 800 km da Terra.

Trata-se de um dos satélites que o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José dos Campos, usa para obter imagens da floresta, que é monitorada diariamente.

Desmatamento, queimadas e exploração ilegal de madeireira estão entre as ações identificadas pelos pesquisadores do INPE com a ajuda da tecnologia.

Sem ela, segundo eles, o meio ambiente não sobreviveria à degradação humana.

E não só na Amazônia. O instituto monitora queimadas em todo o país, segundo Alberto Setzer, coordenador do Monitoramento de Queimadas do INPE.

“O avanço da informática e o uso popular das comunicações digitais criaram condições ideais para a disseminação em tempo quase real dos dados gerados”, diz Setzer, cuja equipe com 13 integrantes, além de grupos operacionais, abre os dados a 3.000 usuários cadastrados.

Longe

Andréa Bevilacqua, secretária de Meio Ambiente de São José, lembra que a tecnologia faz as vezes de olhos, pernas e braços que “as equipes de fiscalização não conseguem ter”.

Na cidade, o monitoramento dos entulhos de construção civil, de áreas de proteção ambiental e de vegetação é feito com apoio da tecnologia.

“Usamos GPS, imagens de satélite, softwares especiais e á internet para monitorar o meio ambiente”, explica Rubens Pastorelli, diretor de Gestão Ambiental.

Uma das ações mais bem sucedidas é a do controle dos resíduos da construção civil. Cerca de 60% do total estimado da cidade é fiscalizado por meio da internet, com cadastro de geradores, transportadores e receptores. São 800 toneladas por dia, mais do que o lixo.

“Sem a tecnologia, não conseguiríamos dar conta da
demanda por fiscalização e  proteção das áreas ambientais”
Andréa Bevilacqua
Sec. Meio Ambiente de São José dos Campos

Vant Fotografa Plantação Para Empresa

Jacareí - Os 40 mil hectares de plantio de eucalipto e os 36 mil hectares de área destinada à conservação ambiental da empresa Fibria na região ganharam um “agente fiscalizador” inteligente e ousado.

Ele é capaz de subir a 300 metros de altura e tirar 400 fotos das árvores da empresa, que estão espalhadas por todo o Vale do Paraíba.

As fotos coloridas e em infravermelho conseguem revelar aos técnicos a “saúde” das florestas, o que levaria dias se a mesma avaliação fosse feita por humanos.

O novo “agente” da Fibria é um Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado) com menos de um quilo e capaz de voar sozinho a partir de programação e de um plano de voo.

Também chamada de “drone”, a pequena aeronave foi construída na Suíça e é operada pela empresa Canoinhas Geoassessoria, contratada pela Fibria para monitorar a base florestal da empresa.

O projeto piloto vem sendo desenvolvido na unidade de Jacareí, onde foram realizados 150 voos. A partir de outubro, a tecnologia será expandida para as outras unidades da empresa no Brasil, em Três Lagoas (MS), Aracruz (ES) e Eunápolis (BA).

A Fibria investigou projetos tecnológicos em vários países para escolher, entre outras ações que pertencem ao programa “Floresta do Futuro”, o uso do Vant. O investimento foi de R$ 1 milhão.

“O Vant tem um valor estratégico para a empresa”, diz Caio Zanardo, gerente-geral de Desenvolvimento Florestal da Fibria.

Além de monitorar as florestas, segundo ele, a aeronave será usada para desenvolver mapas, acompanhar a colheita da madeira e as áreas de conservação ambiental.
“Vão surgiu novos produtos a partir do uso dessa nova tecnologia na empresa.”

Entrevista

Dalton Valeriano - Pesquisador do INPE.

A tecnologia faz bem ao meio ambiente?

É fundamental para o meio ambiente. É parte indispensável nas pesquisas do INPE, por exemplo. E vai mais longe. Hoje é possível colocar sensores de química e biologia de água em oceanos e rios para monitorar a qualidade da água. A mesma coisa vale para o ar, conferindo teor de enxofre, particulados e CO². Esses dados são coletados e transmitidos para satélites, que os retransmitem para uma central que vai processar essas informações quase em tempo real. No futuro, seremos capazes de observar, por satélites, até a supressão de uma árvore dentro de uma floresta.

Qual a participação do INPE?

Usamos satélites de observação que permitem saber que tipo de cobertura há na área pesquisada, se florestal, campestre, agrícola ou água. Satélites que conseguem uma resolução de imagem de até poucos centímetros. E outros com faixa larga de observação, que usamos para acompanhar o desmatamento.

Como isso é feito?

Ele cobre a Amazônia a cada dois dias, fazendo uma faixa de 2.200 quilômetros. Usamos satélites que estão a 600 e 800 quilômetros de altitude e chegam a pesar de 200 quilos a cinco toneladas.

E o clima?

Outro nível de observação da Terra serve a fins meteorológicos. Os satélites ficam a 36 mil km da Terra e conseguem orbitar na mesma velocidade do planeta, observando sempre o mesmo ponto. São os satélites geoestacionários. Os outros são de órbita polar e giram de norte a sul, com a Terra girando de leste a oeste. Eles “fatiam” a Terra com imagens.

O que mudou na tecnologia?

Temos uma crescente capacidade de processar os dados e transformá-los em informação rapidamente. Isso faz uma grande diferença. Operamos a detecção de desmatamento em escala diária. Entregamos num dia os dados captados no dia anterior. É uma novidade tecnológica de softwares desenvolvidos no INPE. Com isso, mais a publicação dos dados na internet, desde 2003, e um plano interministerial, o desmatamento vem caindo há 10 anos.

Foto: Flávio Pereira
Equipe testa Vant em área da fazenda de Eucaliptos
da Fibria; equipamento  fotografa plantação.

Patrulha do Verde Caça Adepto

São José dos Campos - Todo mundo garante que sabe o quanto mal faz à natureza jogar papel no chão. Então, porque é que há tanto lixo nas ruas das cidades da região?

“É por causa da distância entre saber e fazer”, explica a bióloga Rosana Mayumi Melo, da Secretaria de Meio Ambiente de São José. “Não basta dizer que sabe. É preciso colocar a mão na massa”.

Iniciativas de prefeituras e da população no Vale do Paraíba procuram mudar esse quadro. Elas levam conhecimento a crianças e jovens e provocam mudanças de comportamento.

“Não jogo mais papel no chão. Isso polui os rios”, conta Álvaro Santos, 12 anos, aluno do 6° ano da escola municipal Álvaro Gonçalves, no Campo dos Alemães, zona sul de São José dos Campos.

Pela primeira vez, ele fez parte de um grupo de 13 estudantes que foi visitar uma das 33 nascentes degradadas da cidade. A pequena fonte de água é “mãe” do córrego Senhorinha e, com ele, deságua no rio Paraíba do Sul.

“A gente acaba bebendo essa água”, diz Naira Oliveira, 12 anos, estudante da cidade, que também visitou a nascente.

Lá, eles foram orientados por biólogos e educadores da Secretaria de Meio Ambiente, aprenderam técnicas de analisar a água da nascente e plantaram mudas de árvores nativas da região.

Para a orientadora pedagógica da escola, Helena Cogine, o contato direto dos jovens com o meio ambiente e as informações teóricas e práticas que receberam os ajudarão a mudar de atitude.

“Eles começam a tomar consciência de que há no bairro uma área que precisa ser preservada. Não é longe. Faz parte da realidade deles.”

Pássaros.

Com o intuito de chamar a atenção para a fauna regional, o casal de fotógrafos Árpád Cserép e Renate Esslinger, de Cunha, criou a campanha “Canto sem Fronteira”.

Trata-se de um vídeo de quase seis minutos que mostra pássaros silvestres da região e serve de alerta para a caçada criminosa dos animais. O vídeo poder ser visto no Youtube.

Patrulheiros.

Sete famílias do bairro Gomeral, na zona rural de Guaratinguetá, uniram-se com o propósito de preservar o meio ambiente.

Considerada uma das regiões mais bonitas do Vale do Paraíba, aos pés da Serra da Mantiqueira, o Gomeral é defendido pelos “patrulheiros ecológicos”, como as famílias se intitularam.

Elas procuram conversar com pessoas que compram sítios ou terras e convencê-las a preservar a natureza. “Como a fiscalização não pode estar a todo instante em todo lugar, a gente parte para o convencimento”, diz Antônio Santos, 52 anos.

Foto: Flavio Pereira
Estudantes fazem plantio de mudas de árvores às margens do Córrego
Senhorinha, no bairro Campo dos Alemães, zona sul de São José

Estado Usa Tecnologia Para Fiscalizar Áreas

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente usa a tecnologia em seus principais programas ambientais, naqueles que exigem monitoramento de áreas, alerta para incêndios ou preservação das 76 unidades de conservação, que são 3,76% do território paulista.

De acordo com a pasta, o Centro de Monitoramento e a Coordenadoria de Fiscalização usam imagens de satélite fornecidas pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela NASA, a agência espacial americana, para identificar alterações nas áreas de vegetação no Estado.

Imagens de 2010 são sobrepostas com fotos mais recentes, para que se perceba alterações na vegetação.

A Secretaria disse que, nesse trabalho, uma mesma área verde é monitorada pelo menos oito vezes ao ano. O tamanho mínimo do local monitorado é de 2.000 metros quadrados, cerca de um terço de um campo de futebol.

Entre agosto de 2012 e o mesmo mês deste ano, foram identificadas 150 alterações na vegetação natural no Estado, totalizando 711 hectares.

Os satélites são úteis à operação “Corta Fogo”, que combate queimadas. Bombeiros e Defesa Civil são alertados em tempo real após a identificação da área com fogo.

Ponto de Vista

Rosana Mayumi Melo - Biólooga

'As ações no meio ambiente melhoram com a tecnologia’

Rosana Mayumi Melo, bióloga da Secretaria de Meio Ambiente de São José dos Campos, defende o uso da tecnologia principalmente para mapear áreas degradadas, com rapidez e precisão. O avanço dos equipamentos, segundo ela, permite melhorar o controle ambiental nas cidades, em áreas rurais e urbanas, o que é difícil fazer apenas com material humano. Além disso, os aparelhos podem servir como meio de aproximar as crianças e jovens da questão ambiental, por meio de visitas monitoradas e utilização da tecnologia. “As ações

Álvaro Santos - Estudante

'Aprendi que não é certo jogar papel no chão’

Álvaro Santos, 12 anos, alunos do 6° ano da escola municipal Álvaro Gonçalves, no Campo dos Alemães, região sul de São José, aprendeu na escola que jogar papel no chão faz mal ao meio ambiente. “Vai parar nos rios”, disse Santos. Na última sexta-feira, ele e outros 12 alunos da escola foram visitar uma das nascentes do córrego Senhorinha, acompanhados de biólogos da Secretaria de Meio Ambiente. “Aprendi o quanto é importante preservar”, contou. ‘Aprendi que não é certo jogar papel no chão’


Fonte: Site do Jornal “O VALE” - 29/09/2013

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