O Programa Espacial e a Necessidade de uma Reação Eficaz

Olá leitor!

Segue abaixo mais um artigo escrito pelo Dr. Célio Costa Vaz (presidente da Orbital Engenharia) e postado ontem (09/03) pelo companheiro André Mileski em seu no Blog Panorama Espacial.

Duda Falcão

O Programa Espacial e a
Necessidade de Uma Reação Eficaz

Célio Costa Vaz

Quando o assunto é o Programa Espacial Brasileiro (PEB), não faltam na mídia especializada diagnósticos setoriais e explicações para a crise que continuamente o assola já ao longo de mais de uma década. Essa situação se explica pelo fato do PEB ainda não ter sido reconhecido e consolidado como um verdadeiro Programa do Estado Brasileiro. Consequentemente, as análises apontam para o fato de que o mesmo poderia se encontrar em estágios tecnológicos muito mais avançados.

Apesar do desenvolvimento não linear do PEB, hoje o País se encontra dotado de um magnífico e valioso patrimônio tecnológico composto por recursos humanos especializados, laboratórios, faculdades e centros de pesquisas e de uma base industrial emergente. Conta com uma importante infraestrutura física e operacional, valendo ser destacadas: - as modernas instalações e sistemas do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA); - e o sofisticado Laboratório de Integração e Testes (LIT), uma referência internacional. Atuam diretamente nos projetos do PEB duas das mais renomadas e eficientes instituições de pesquisas civis e militares do país, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, e o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). A emergente base industrial foi significativamente reforçada com a criação da empresa integradora Visiona, responsável pelo desenvolvimento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações – SGDC.

Na mesma linha, a base industrial, ainda emergente, que atua como fornecedora de produtos e serviços para o PEB, também contribui no desenvolvimento de tecnologias e, sem exceções, possui mão-de-obra altamente especializada, com elevados graus de instrução e de formações técnicas e acadêmicas, além de infraestruturas compatíveis com os níveis de qualidade requeridos para a realização das atividades neste setor de alta complexidade tecnológica.

As instituições de pesquisas e as empresas que atuam no PEB contam com o apoio do extraordinário sistema de fomento à pesquisa e à inovação científica e tecnológica existente no Brasil, com destaque para a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e as Fundações Estaduais de Apoio à Pesquisa (FAPs), dentre as quais a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

No tocante às realizações, obtiveram-se resultados significativos no âmbito do PEB.  Foram projetados e desenvolvemos foguetes de sondagens e satélites, realizados lançamentos e colocados satélites em órbita. O país continua evoluindo no desenvolvimento das tecnologias críticas para satélites e veículos lançadores, tais como sensores inerciais e sistemas de controle e propulsão líquida.

Um Programa que reúne tamanho potencial de benefícios para o país, que dispõe de uma massa crítica intelectual experiente e jovens estudantes desejosos de se profissionalizarem neste setor, possui intrinsecamente em seu bojo, enorme capacidade de prover uma reação eficaz e inteligente para a quebra dos paradigmas necessários para: - a mobilização da sociedade; - a sensibilização da classe política; - propor, programar e implantar medidas que efetivamente levem ao dinamismo e à capacidade de realização adequada.

No contexto acima, fazemos nossas as palavras do Ex-Ministro Samuel Pinheiro Guimarães durante a cerimônia de abertura do seminário “Desafios Estratégicos do Programa Espacial Brasileiro Rumo a 2022”:

“...faz-se necessário pensar que não é suficiente que a atividade seja importante, é importante que haja força política para que se possa aproveitar todas as oportunidades econômicas que o setor permite. Não é uma questão técnica, é uma questão política”.

Desta forma, na medida em que a sociedade brasileira for conscientizada da importância deste patrimônio, sinônimo de soberania nacional e de independência, das riquezas que ele pode gerar para o país e dos benefícios que poderão ser desfrutados por todos os cidadãos brasileiros, daí surgirá a força política necessária. Devemos todos trabalhar neste sentido.

Dr. Célio Costa Vaz é presidente da Orbital Engenharia S.A.



Fonte: Blog Panorama Espacial - http://panoramaespacial.blogspot.com.br/

Comentário: O Dr. Célio Vaz é um profissional que merece todo nosso respeito e admiração por ter criado uma empresa que atuando num universo completamente adverso, e cheio de fantasias criadas por esses políticos energúmenos, conseguiu se destacar desenvolvendo tecnologia espacial própria. No entanto, devo dizer que apesar de concordar com grande parte do que o Dr. Célio diz neste artigo, discordo quando ele deixa entender de que a criação da VISIONA foi algo de positivo para o PEB. Não foi, não pela ideia em si, mas pelo o que motivou a sua criação e como a mesma foi constituída. De qualquer forma ele está certíssimo quanto diz: “na medida em que a Sociedade Brasileira for conscientizada da importância deste patrimônio, sinônimo de soberania nacional e de independência, das riquezas que ele pode gerar para o país e dos benefícios que poderão ser desfrutados por todos os cidadãos brasileiros, daí surgirá à força política necessária. Devemos todos trabalhar neste sentido”, afinal não existe programa espacial bem sucedido no mundo que não se utilize do apoio de sua sociedade. Entretanto, este apoio desejado pelo Dr. Célio Vaz está ainda anos luz de ocorrer, já que o mesmo depende de uma mudança cultural profunda e demorada na Sociedade Brasileira e principalmente em sua classe dominante, mudança esta que passa pela real compreensão do que seja cidadania, por educação de qualidade para todos, respeito e brasilidade e trabalho, muito trabalho e seriedade, coisas que não existem e jamais existiram na escala necessária neste Território de Piratas.

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