Instituto Serrapilheira Dará R$ 100 Mil Para 65 Ideias de Cientistas

Olá leitor!

Segue abaixo uma interessante notícia publicada hoje (21/12) no site do jornal “Folha de São Paulo” destacando que a primeira instituição privada de fomento à pesquisa no Brasil, ou seja, o “Instituto Serrapilheira” anunciará no dia de hoje os 65 projetos científicos escolhidos para serem financiados.

Duda Falcão

CIÊNCIA

Instituto Serrapilheira Dará R$ 100 Mil
Para 65 Ideias de Cientistas

FERNANDO TADEU MORAES
DE SÃO PAULO
21/12/2017 - 02h02

Foto: Leo Caldas/Folhapress
A pesquisadora Giovannia Pereira, 41, foi contemplada
com o financiamento do Serrapilheira.

Compreender melhor o relógio biológico das plantas, administrar remédios por meio de nanoestruturas, fazer computadores quânticos pensarem e aprenderem. Essas são algumas das ideias selecionadas pelo Instituto Serrapilheira, primeira instituição privada de fomento à pesquisa no Brasil, para serem financiadas.

Os 65 projetos escolhidos serão anunciados nesta quinta-feira (21). "Estamos muito satisfeitos com o resultado, pois conseguimos reunir um grupo de pesquisadores de excelência com projetos excepcionais", diz o geneticista francês Hugo Aguilaniu, diretor do Serrapilheira.
Competiram quase 2.000 projetos de jovens pesquisadores brasileiros –só podiam participar cientistas que tivesse terminado o doutorado há, no máximo, dez anos.

Na primeira etapa, realizada de forma anônima, cerca de 90% dos projetos, explica Aguilaniu. Os 200 projetos restantes passaram por uma nova avaliação, feita por revisores nacionais e internacionais. Até um prêmio Nobel de Física –cujo nome Aguilaniu não revela– participou do processo.

Os cientistas cujas propostas foram escolhidas receberão até R$ 100 mil para, durante 2018, demonstrarem a viabilidade de suas ideias. Após esse período, uma nova seleção indicará de 10 a 12 projetos, que serão contemplados com até R$ 1 milhão para serem gastos em 3 anos.
Segundo o diretor do Serrapilheira, um critério de seleção importante foi que os projetos não poderiam propor apenas avanços incrementais. "Buscamos os projetos mais ousados.

Sabemos que esse tipo de aposta contém um risco, mas as grandes descobertas quase sempre vem de perguntas audaciosas, de fora da caixa."

Aguilaniu elenca algumas que serão financiadas pelo instituto: como as mudanças climáticas vão afetar a qualidade e a disponibilidade da água em aquíferos? Qual é a conexão entre buracos negros e a produção de raios cósmicos de alta energia? A diversidade de vírus pode ajudar a prever o tamanho de uma epidemia de gripe?

RELÓGIO DE PLANTAS

Outra dessas perguntas foi proposta por Carlos Hotta, 38, pesquisador do Instituto de Química da USP, que estuda o relógio biológico das plantas. Esse mecanismo permite a elas medir a passagem do tempo e, assim, prever e antecipar eventos regulares, como o amanhecer –preparando sua maquinaria interna para realizar a fotossíntese.

Sabe-se que algumas espécies, como tomate, trigo e cevada, sofreram alterações do relógio biológico durante o processo de domesticação que resultaram em melhorias agronômicas. "Minha proposta é entender se alterações semelhantes ocorreram também com a cana de açúcar", diz.

Para isso o pesquisador utilizará uma coleção pertencente à UFSCar de Araras, que contém desde exemplares modernos até espécies ancestrais, utilizadas no Brasil Colônia. Os resultados podem não só acelerar o melhoramento genético da cana como ser estendido para outros cultivares, explica Hotta.

O pesquisador pretende utilizar parte do dinheiro na compra de reagentes necessários para suas análises e parte para promover vídeos e podcasts de divulgação científica.

NANOESTRUTURAS

Do macro para o micro, ou melhor, para o nano. É nessa escala, equivalente a um bilionésimo de metro, que Giovannia Pereira, 41, realiza a sua pesquisa acadêmica.

A professora da Universidade Federal de Pernambuco, também contemplada com o financiamento do Serrapilheira, trabalha com nanoestruturas conhecidos com pontos quânticos (ou "quantum dots", em inglês), sistemas que, ao serem excitadas, emitem luz que vai da região do visível até a do infravermelho.

"Devido a isso, elas podem funcionar como sondas fluorescentes para identificação ou estudo de rotas metabólicos associados a certas doenças", diz. O problema é que as nanoestruturas estudas até o momento utilizam em sua constituição metais pesados, como o cadmio, o que limita o uso desses materiais "in vivo".

"Nossa proposta é substituir esses materiais por outros, como prata e cobre, que permitam a produção de sistemas biocompatíveis, ou seja, com a menor toxicidade possível, porém sem comprometer as propriedades intrínsecas desses nanomateriais", explica Pereira.

Segundo a pesquisadora, que tem doutorado pela Universidade de Coimbra, em Portugal, uma das possíveis aplicações de seu projeto é utilizar essas nanoestruturas como veículos para fármacos ou para terapias mais precisas contra o câncer.

Pereira conta que, apesar de ter feito seu doutorado fora, voltou para o Brasil na primeira oportunidade que teve, "para retribuir o investimento recebido aqui". Entretanto, afirma, "fazer ciência no Brasil e principalmente no Nordeste é um desafio diário."

Colaborou PHILLIPPE WATANABE



Fonte: Site do Jornal Folha de São Paulo - 21/12/2017

Comentário: Uma notícia muito boa para a atual situação da pesquisa Científica e Tecnológica Brasileira, mas será que entre esses projetos algum da área espacial foi escolhido? Será que os nossos cientistas do setor espacial tomaram conhecimento desta seleção, e caso sim se movimentaram para tentar uma boquinha? Aparentemente pelo texto acima pelo menos alguém da área de Astrofísica será contemplado com esses recursos. É claro que os recursos são ainda baixos, mas já é um sinal de que a iniciativa privada brasileira está querendo investir em C&T. Enfim...

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